quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Heróis improváveis

Em 150 anos de futebol, existiram vários jogadores que decidiram, devido à sua capacidade e técnica, diversos jogos de futebol. Futebolistas como Pelé, Maradona, van Basten e mais recentemente Cristiano Ronaldo e Messi, tiveram/têm um papel muito importante nas respetivas equipas sendo, por mais que uma ocasião, decisivos para as suas hostes. Porém, também houveram outros, menos convencionais, que chocaram o mundo, revelando-se autênticos heróis improváveis, através de golos que "não era suposto" apontarem.


Stábile: De suplente a avançado mais perigoso do primeiro mundial da história, em 1930, pela Argentina. De facto, o jogador do Hurácan não era o titular, mas após o dono da posição (Cherro, melhor marcador da história do Boca Juniors, a par de Palermo) entrar em depressão depois da partida inaugural da prova, o "cabecinha de ouro" agarrou o lugar e, logo na sua estreia, fez um "hat-trick". Até à final, bisaria ainda por duas vezes e, no derradeiro jogo, também faria o gosto ao pé, o que se revelaria insuficiente, pois a seleção das "pampas" sairia derrotada pelo anfitrião Uruguai, apesar do argentino se ter tornado no artilheiro da competição. Mais ainda surpreendente é este registo tendo em conta que Guillermo só atuou pela seleção nesse mesmo Campeonato do Mundo!


Morais: Na edição de 1963/64 da Taça das Taças (prova já extinta), o Sporting brilhou, ao golear e eliminar o Manchester United por 5-0 e o Apoel de Nicósia, por memoráveis 16-1. Com estes resultados, foi com naturalidade que os leões chegaram à final, com o MTK de Budapeste (naquela década impunha respeito). Após um 3-3 na primeira partida, e numa altura em que não havia desempate por grandes penalidades, houve necessidade de se realizar mais um jogo, em Antuérpia. Porém, a vitória portuguesa era pouco provável, e ainda piorou quando, três dias antes do duelo, Hilário, figura crucial da defesa do seu emblema, se lesionou. Apesar de esse incidente, os verde-e-brancos venceriam, por 1-0, através de um canto apontado por João Morais que entraria diretamente na baliza adversária. Escusado será referir a importância de tal tento: Morais ficaria para sempre recordado como o homem que deu o primeiro grande título europeu aos lisboetas (possivelmente, se não fosse esse acontecimento, talvez involuntário, o defesa já teria caído no esquecimento).

Domergue: No Euro de 1984, a França apresentou-se com uma equipa de estrelas: Bats, Battiston, Tigana, Giresse, Lacombe e, claro, a estrela Platini. Com este elenco, e com este último a decidir, os gauleses foram vencendo os oponentes com relativa facilidade, até que defrontaram Portugal nas meias-finais. Num jogo escaldante e entusiasmante (melhor de sempre em europeus de futebol), brilhou um ilustre desconhecido, titular devido à lesão de Le Roux e suspensão de Amoros: Domergue, defesa-esquerdo que apontou dois dos três golos (um deles de livre graças à lesão temporária de Platini) com que le bleu levou de vencida a equipa lusa. Curiosamente, o lateral estreou-se nessa competição e os únicos dois tentos que apontou pela sua seleção foram os que abateram os portugueses!


César Brito: Campeonato nacional, 1990/91, jogo do título nas Antas. O FC Porto, à procura de mais um título de campeão, recebia um Benfica com um ponto de avanço. Antes da partida propriamente dita, polémica: no balneário dos visitantes um odor demasiado forte e que os obrigou a equiparem-se nos túneis de acesso ao campo, que estava exclusivamente molhado nos extremos (provavelmente para inferiorizar os benfiquistas Pacheco e Paneira, autores de 16 golos até à data). A chave estaria, no entanto, no banco: César Brito, que em 10 épocas na Luz não fez mais que 100 jogos e 30 golos, apontou dois tentos e decidiu a Liga!



Baggio: Um caso diferente dos anteriormente enunciados, pois este jogador não foi o herói, mas sim o vilão improvável. No Campeonato mundial de 1994, nos Estados Unidos, dois jogadores demonstraram toda a sua qualidade: Romário e Baggio. Na final, enfrentar-se-iam, um a defender a camisola do Brasil, o outro pela Itália. Aí, o catenaccio não foi aplicado pelo seu inventor (os transalpinos), mas sim pelos brasileiros, que levaram a decisão para penáltis, onde o seu guardião Taffarel era rei. E a decisão foi dramática: os dois primeiros remates não deram em golo; os quatro seguintes foram bem cobrados; Massaro falharia a sua hipótese e, de imediato, Dunga colocaria os "canarinhos" em vantagem. Depois, foi a vez de Baggio, melhor jogador da "Squadra Azzurra" do pós-guerra e especialista na marca dos onze metros a rematar mas, perante a pressão, rematou "para as nuvens" dando o tetra ao adversário.

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