quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

João Botelho: «Dar um passo atrás, para depois conseguir dar dois em frente»

Esteve presente no Campeonato na Europa de sub-21 em 2007, ao lado de nomes como Moutinho, Miguel Veloso, Hugo Almeida e Nani, e já foi rotulado uma das maiores promessas para a baliza da selecção nacional. João Botelho, natural dos Açores, foi formado na Santa Clara, clube a que pretenceu durante 18 anos, tendo defendido a baliza sénior na condição de titular durante duas épocas. 

Após ter perdido espaço no seu «clube do coração», o guarda-redes decidiu assinar pelo Camacha, que milita na II Divisão. Em entrevista exclusiva à Revista Futebolista, João Botelho fala sobre a sua carreira, a experiência na Madeira e sobre a necessidade de «dar um passo atrás, para depois conseguir dar dois em frente». O guardião reserva ainda elogios especiais para o treinador do Sporting, Paulo Sérgio.
Revista Futebolista: Esteve durante 18 anos no Santa Clara, apesar de contar apenas com 25 anos de idade. É caso para dizer que é do Santa Clara desde pequenino? 
João Botelho: Sim, é caso para se dizer que sou do Santa Clara desde pequenino. E esta afirmação, no meu caso, não poderia estar mais correcta, até porque o meu clube do coração é mesmo o Santa Clara. Não torço por nenhum clube dos grandes, sou Santaclarense.

RF: Na última época esteve sem jogar e em final de contrato, factores que contribuiram para a sua saída do clube. Foi uma situação difícil para si?
JB: É verdade que joguei pouco. Não joguei o que estava á espera, e quando essa situação acontece no seio futebolístico gera sempre algum desagrado. Mas saí de consciência tranquila, até porque continuei a ser a mesma pessoa que sempre fui do primeiro até ao ultimo dia.

RF: Esperava renovar o contrato?
JB: Sim, pensei que iria renovar, e foi esse o 'feedback' que a direcção do clube me ia transmitindo, mas no fim saiu tudo ao contrário. Tive de procurar alternativas..

RF: E acabou por aceitar a proposta do Camacha, viajando para a Madeira. A experiência tem corrido de acordo com as suas expectativas? 
JB: Sim, vim cair aqui na Madeira. Fui muito bem recebido pelos meus novos colegas e pela própria direcção do clube, que ajudou-me imenso, pois esta é a minha primeira aventura "fora de casa" e não sabia como iria reagir ao estar longe da famiia e dos amigos. Felizmente já estou adaptado.

RF: O facto de ter 'descido' para uma divisão inferior não o desmotivou? Não existiram outras propostas?
JB: Para responder a esta pergunta terei de usar um velho cliché do futebol, que penso que é a resposta que melhor se encaixa: ás vezes é precisar dar um passo atrás, para depois conseguir dar dois em frente. Vim para a Camacha no sentido de me tentar promover e de conseguir mostrar ás pessoas que tenho valor. A II Divisão costuma a ser isso mesmo, uma boa montra para quem se quer promover. Em relação a outras propostas, existiram, nomeadamente do estrangeiro, mas foram todas situações que à última da hora se fecharam. Posso dizer que o facto de ter jogado pouco nas ultimas duas épocas me atrasou a vida, nesse sentido.

RF: Fez parte da selecção sub-21 que participou no Campeonato da Europa de 2007. Que recordações guarda dessa participação?
JB: Tenho recordações muito boas desta altura. Apesar de não termos conseguido fazer um bom Europeu, permaneceram amizades das quais ainda hoje mantenho. É sempre bom estar entre os melhores.

RF: Ainda ambiciona chegar à selecção A? Acredita que é possível?
JB: Claro que é uma situação que todos os jogadores de futebol ambicionam, mas para já diria que é muito dificil. Para isto acontecer a minha carreira teria de dar um salto enorme nesta altura.

RF: Vários futebolistas da Liga de Honra, sem oportunidades no futebol português, têm optado por emigrar para a Roménia ou Chipre. Esse seria um cenário do seu agrado?
JB: Sei, por intermédio de alguns colegas, que esses países estão a oferecer boas condições, tanto a nível desportivo como financeiro. Sei também que provavelmente não são os campeonatos mais competitivos, mas seria uma situação que me agradaria.

RF: Quais foram as pessoas mais marcantes da sua carreira até à data?
JB: Uma pessoa que me marcou imenso foi o Paulo Sérgio, actual treinador do Sporting. Não só pelo facto de ter sido uma pessoa que apostou em mim, mas também pela sua personalidade e pela forma como gere um grupo. Outras pessoas que gostaria de destacar, são Lucien Huth e Nuno Sociedade: Lucien Huth, porque foi ele que me ensinou grande parte daquilo que sou hoje, como guarda-redes; Nuno Sociedade por ser um grande amigo, que sempre esteve ao meu lado, nos bons e maus momentos.

RF: Quais são os seus ídolos no futebol?
JB: Como guarda-redes, para mim o Buffon é um dos maiores idolos de todos os tempos. Não posso tambem de deixar de referir Paulo Sérgio e Nuno Sociedade, uma vez que moldaram muito daquilo que hoje em dia eu penso ser o futebol.

RF: Qual foi o episódio mais marcante da sua carreira?
JB: Uma situação que me marcou imenso, pela negativa, foi o facto de não termos conseguido, com o Santa Clara, subir de divisão há 2 anos, quando tudo apontava para que conseguissemos. Foi uma verdadeira desilusão.

5 comentários:

SANTA CLARA 4EVER disse...

Como santaclarense fico satisfeito por lembrar o nome de um rapaz da casa! Boa sorte joao e espero que regresses aos açores no próximo ano!!

Jaime Marques

Anónimo disse...

claramente superior ao paulo ribeiro, devia ter sido ele a defender no euro

Guga80 disse...

Já nem me lembrava do Botelho!! Espero que volte rapidamente à alta toda do futebol

Guus disse...

Grande Botelho, muita sorte para a tua carreira!

Kardec disse...

Bela entrevista e bela iniciativa. Parabéns. Venham mais destas!