sábado, 23 de outubro de 2010

Nova Rúbrica Futebolista: Voz da Experiência

A Revista Futebolista estreia uma nova rúbrica, que visa mostrar que «velhos são os trapos». Periodicamente será escolhido um veterano do futebol mundial, com um vasto e respeitável currículo e que, embora já esteja longe dos tempos áureos, continua a dar cartas nos relvados.

Míchel Salgado, a «raça» continua...
Quando falamos nas palavras defesa, impetuosidade, raça e liderança, o mais provável é que pense em Marco Matterazzi. Contudo, existe um outro nome no futebol europeu que corresponde ao perfil traçado. Míchel Salgado, histórico lateral-direito do Real Madrid, acaba de completar 35 anos e é dono e senhor do lado direito da defesa do Blackburn. O lateral espanhol é um dos jogadores mais marcantes do séc. XXI na sua posição, tendo aliado a um excelente sentido posicional a tão referida raça (muitas vezes levada ao extremo), regularidade, capacidade de desarme e compostura física.

Do Celta de Vigo a bi-campeão europeu
Salgado iniciou a sua carreira no Celta de Vigo, tendo-se estreado na equipa principal do clube espanhol em 1994. Na altura, o lateral-direito dava indícios de que se poderia estar perante um jogador promissor na sua posição, mas só após um empréstimo ao Salamanca em 1996/97 é que Salgado começou a despontar no futebol espanhol. Após a cedência, Salgado cumpriu duas épocas de bom nível em Vigo, tendo sido contratado pelo Real Madrid a troco de uma verba que rondou os 6 milhões de euros. Passaria 10 épocas em Madrid, período correspondente aos melhores anos da sua carreira.

Um nome que Juninho Paulista não esquece
Uma das imagens de marca de Míchel Salgado ficou, precisamente... na perna de Juninho Paulista, antigo internacional brasileiro. Corria a época de 1997/98 quando o ex-merengue partiu uma perna ao futebolista brasileiro, num confronto entre Celta de Vigo e Atlético de Madrid. A lesão não só deixou Juninho fora dos relvados durante meses, como também fez com que o médio ficasse de fora do campeonato do mundo e fosse, mais tarde, dispensado pelos «colchorenos», fruto das suas dificuldades físicas. Desde então, Salgado não mais se livrou do inevitável rótulo: agressivo e impetuoso para os adeptos do Real Madrid, violento para os adeptos adversários.

A chegada a Madrid
Michel Salgado chega ao Santiago Barnabéu numa altura em que a formação espanhola contava com estrelas como Roberto Carlos, Raúl, Morientes, Hierro, Redondo, Seedorf, McManaman e Casillas, mas também com alguns 'dispensados', casos de Samuel Eto'o, Anelka e Sávio. Nesse mesmo ano conquistaria a titularidade no lado direito da defesa, numa altura onde já era opção na selecção de «nuestros hermanos» (estreou-se em Setembro de 1998, num amigável frente ao Chipre).

Sobreviveu à primeira «era galática»
Poucos jogadores madrilenos se podem orgulhar de ter ficado tanto tempo no onze base e no plantel do Real Madrid durante a primeira presidência de Florentino Pérez, período onde o Santiago Barnabéu viu chegar nomes como Figo, Zidande, Ronaldo, Owen e David Beckham. Casillas, Guti, Raúl, Helguera e Salgado foram os nomes que conseguiram manter-se nas escolhas dos vários técnicos que passaram por Madrid, independentemente do leque de estrelas contratado pelo Real no séx. XXI.

A braçadeira, o banco e a dispensa
Formou juntamente com Casillas e Guti o trio de capitães do Real Madrid durante vários anos, sendo um dos jogadores mais acarinhados pelos adeptos. Durante as 10 temporadas que cumpriu em Madrid, realizou mais de 270 jogos, tendo apontado quatro golos. Começaria a perder espaço no onze inicial em 2006, período que coincidiu com a contratação de Cicinho e, posteriormente, com a afirmação de Sérgio Ramos na posição de lateral-direito. Nas duas últimas temporadas em Madrid, era apenas utilizado para dar descanso a Sérgio Ramos ou para disputar jogos contra equipas de divisões inferiores. Salgado tinha contrato até 2010, mas seria dispensado no final da época 2008/09.

A titularidade no Blackburn
Com 33 anos, Salgado tinha em carteira propostas da Arábia e de Espanha, mas optou por um convite do Blackburn. Pela primeira vez na sua carreira, Míchel Salgado ia disputar um campeonato fora de fronteiras, ao rubricar um contrato de duas temporadas com a equipa da Premier League, que contava no seu plantel com o ex-portista Benni McCarthty.

Na primeira metade da época, Salgado foi pouco utilizado em Inglaterra, levando a crítica a questionar a sua contratação e a prever a sua retirada do futebol profissional. Contudo, na segunda volta do campeonato, o espanhol abraçou a titularidade e não mais largou esse estatuto. Na presente época, o defesa-direito foi titular nas oito partidas já realizadas pelo Blackburn Rovers. O seu contrato finda no final da presente temporada e tudo leva a querer que Salgado continuará a jogar, quer seja no Blackburn, quer seja noutras paragens. Afinal de contas, a tradição diz que os petrodólares estão sempre disponíveis para os antigos internacionais espanhóis, donos de um palmarés de bom nível.

Palmarés de sucesso
Tendo em conta a dimensão do Blackburn no contexto do futebol inglês, o ex-internacional espanhol dificilmente conquistará mais títulos. Nada que despretigie o currículo do jogador, que conta com duas Ligas dos Campeões (2000 e 2002), uma Taça Intercontinental (2002), uma Supertaça Europeia (2002), quatro Ligas Espanholas (2001, 2003, 2007 e 2008) e duas Supertaças Espanholas (2001 e 2003). Ao todo, fez mais de 400 jogos na sua carreira, tendo apontado 8 golos e feito 53 jogos com a camisola «roja». Além disso, disputou o Europeu de 2000 e o Mundial 2006.

4 comentários:

Kiko disse...

Nunca gostei dele, mas os titulos que tem nao é qualquer um

Rogerio Santos disse...

Foi o ponto fraco do real durante várias épocas

Necas disse...

O ponto fraco?! Mas vocês são doidos?! O ponto fraco era nao haver um central em condições pra jogar ao lado do Hierro! Tenham lá juizo e aprendam futebol. E comprar o Michel com o Materazzi... enfim.

Tiago Silva disse...

Dos melhores laterais direitos de que me lembro. Raça, entrega, qualidade no passe, segurança defensiva. O seu azar é que a sua equipa era só estrelas (Zidane, ronaldo, roberto Carlos Figo e por aí fora, e parecia que o gajo era uma nulidade. Faz-me lembrar o Maxi Pereira!!!