domingo, 28 de setembro de 2008

Falar é Fácil!

Falar é fácil! Todos estamos familiarizados com este ditado popular, mas será que somos realmente capazes de o compreender? Lanço esta questão pois, na semana em que o Vitória de Guimarães decide o seu destino na Europa do futebol, são mais uma vez apontadas as “armas” à equipa de Cajuda!
Os Vitorianos são acusados de terem perdido a qualificação para a fase de grupos da “Champions”, de terem comprometido a passagem à fase seguinte na Taça Uefa e de ocuparem o 9º lugar na liga quando apenas estavam cumpridas três jornadas do campeonato nacional!
É certo que as derrotas não agradam a ninguém e que estas não podem ser constantemente toleradas e desculpadas. Mas também é necessário compreender quando é o momento de se criticar e, mais importante que isso, quando há motivos para se criticar. Uma derrota nem sempre resulta de incompetência do treinador ou da falta de empenho dos jogadores. São muitos mais os factores que condicionam as prestações do colectivo em campo. É por isso, que antes de julgarmos o trabalho de um treinador e sua equipa, devemos procurar conhecer e entender o contexto que os envolve.
No caso do Vitória, é necessário ter em conta que os bons resultados conseguidos nas duas últimas épocas “obrigaram” o plantel a lidar com emoções totalmente novas e a enfrentar pressões e exigências até aí desconhecidas: Num momento tinham sido promovidos à Superliga e, no momento seguinte, estavam a disputar a 3ª Pré-eliminatória da “Champions”. Estas “novidades” aliadas a uma eliminação da Liga dos Campeões “forçada” pela equipa de arbitragem, afectaram psicologicamente, como é óbvio, o plantel vitoriano, prejudicando as exibições que se seguiram. Também as lesões contribuíram para a sucessão de resultados menos positivos que se têm registado. Recordo que para o encontro com o Porthsmouth em Drayton Park, Cajuda registava um total de 7 baixas na sua equipa.
A acrescentar a estes factores, existe ainda o contributo “desanimador” de alguma da nossa imprensa que não se cansa de realçar os pontos menos fortes deste colectivo. Relembro a título de exemplo que, na época passada, quando o “pequeno” Vitória lutava pela entrada directa na Liga dos Campeões, ocupando o lugar dos “Grandes”, a comunicação social parecia determinada a desmoralizar o plantel de Cajuda. Parecia encará-los como intrusos! Prova disso foram os vários artigos publicados com vista a destabilizar e pressionar os Guerreiros da Cidade Berço.
Agora, aqueles que na época passada colocaram em causa o valor do Vitória de Guimarães, que os achavam “pequenos” demais para ocupar o 2º lugar na Liga e para ir à “Champions”, fazem exigências dignas de um clube “Grande”. Exigem que o Vitória cumpra aquilo que, equipas com mais meios e mais habituadas a estas andanças europeias, não são capazes de cumprir. Não compreendem que o Vitória cresceu, mas que é necessário tempo para que esse crescimento se possa consolidar e dar frutos. Em vez disso, apressam-se a formular juízos negativos que apenas servem para travar e prejudicar esse desenvolvimento.
Mais uma vez repito: Falar é fácil! E ainda mais quando estamos sentados anonimamente numa bancada. Lá não existem preocupações tácticas, técnicas ou relativas à condição psicológica da equipa; não existem conflitos ou necessidade de tomar decisões; não existe responsabilidade! Dentro de campo tudo muda!
Não estou a dizer que não se deva pedir vitórias, estou simplesmente a afirmar que antes de as exigir devemos estar a par daquilo que realmente se passa. É tempo de distinguir as derrotas e acreditar mais no valor das nossas equipas. Esta na hora, da nossa imprensa procurar realizar críticas mais construtivas e contextualizadas, ajudando os nossos clubes a melhorar os seus pontos mais débeis e a elucidar os seus adeptos.
FORÇA VITÓRIA.

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